26 junho, 2012

cap. 6

Depois de Inês nos "expulsar" do bar ainda estivemos algum tempo a andar em silêncio até que David o interrompeu

- Bem, me desculpe ter estragado seus planos com o Diogo e Inês


- Não estragas-te nada - Olhei para ele e sorri, algo que ele retribuiu - Nós íamos só passar a tarde na praia

- Então vem, vou levar você a um sitio

- David, eu não estou propriamente vestida para irmos a grandes sítios! - Rimos os dois

- Não tem mal não, não a vou levar a nenhum sitio com muitas pessoas não

David parou em frente a um Audi Q5 branco, a marca de carros que eu mais gostava, depois da BMW claro, que tinha sempre carros lindos. Vi que era o seu carro quando David tirou as chaves do bolso  e com o comando do carro o ligou fazendo o «beep» habitual.

- Ena! É mesmo o teu carro?!

- É sim, porque?

- Porque adoroooooooooooooooooo este carro! A seguir aos BMW's claro...

- 'Cê gosta de carros?

- Se gosto? Adoro tudo o que tenha a ver com carros!!

- Uma mulher que gosta de carros, estranho hein!

- Uma mulher que gosta de carros e futebol!

- Raro de encontrar

- É, gosto de ser diferente!

Rimos os dois e fomos o resto da viagem até ao destino para mim desconhecido a falar de carros e quando o tema virou para o futebol o David ficou a saber que eu era Benfiquista ferrenha, não perdia um único jogo quer no estádio ou na televisão, que também gostava muito de futsal e que fazia partes dos No Name.

- Então mas e onde vamos? - Perguntei numa quarta tentativa de David me dizer onde íamos, sabia que estávamos a ir a algum sitio para Sesimbra, porque aquele caminho não me era de todo desconhecido.

- Puxa minina, 'cê é curiosa! Espere só mais um bocado que já vê sim? - Cruzei os braços e fiz beicinho como as crianças

- Esta bem... 

Resignei-me ao meu cantinho e ele riu-se. Fizemos o resto da viagem apenas ao som da rádio e minutos depois chegamos ao destino do David, que era o cado espichel. Tinham sido raras as vezes que lá tinha ido, mas todas as vezes me maravilhava e esta não era excepção, saímos do carro e David foi á bagageira e tirou de lá uma manta.

- Então, 'cê gostou? 

- Se gostei? Amei! Gosto imenso deste sítio! - David sorriu

- Vem, vamo lá mais para a frente!

Caminhamos um bocado e o David esticou a manta, sentamo-nos e ficamos os dois a apreciar a vista durante algum tempo em silêncio

- Bem, isto é absolutamente lindo! 

- É um dos meus sítios preferidos... Sabe, venho cá quando tenho meu mundo ponta-cabeceira, como meu pai diz... 

- Ó, é um sitio só teu, não me devias ter trazido cá...

- Agora é um sítio nosso - Disse a olhar-me nos olhos com aquele sorriso magnifico, algo que me fez tremer o corpo todo. A intensidade com que ele me olhava provocava em mim sensações estranhas. Sorri-lhe também - Mas me fale sobre você 

- Então... Não nasci cá em Portugal nasci em Nova York, vim para Portugal quando fiz 14 anos... Estou no 11º ano em Línguas e Humanidades já pela segunda vez por motivos menos felizes... Vivo com a minha mãe num bairro social, mas não mudava isso por nada! Quando acabar a escola quero ir para Enfermagem... Dançar e fazer Surf são grandes paixões minhas, tenho um grupo de dança até... Como já sabes amo futebol e carros e bem, acho que não á muito mais para saber... Ah, tenho 17 anos! 

- 'Cê é novinha, dava-lhe pelo menos uns 21 anos!

- É, já ouvi isso algumas vezes! - Mais uma vez rimos os dois

- Porque veio para Portugal? Nova York é uma cidade linda! 

- Longa história... 

- 'Cê pode confiar em mim! - Tinha algo dentro de mim, que sabia que podia confiar mesmo nele, mesmo conhecendo-o á apenas um dia. Ainda hesitei, mas quando dei por mim, estava a contar a história da minha vida a ele.

- Quando eu nasci não fui logo para os braços da minha mãe... Tive que fazer montes de exames e depois quando completei os meus dois anos, os médicos suspeitavam que eu tinha cancro nos pulmões, acabei por passar três natais internada no hospital a soro, nunca tive os meus pais muito presentes devido ao trabalho, a minha mãe era advogada e o meu pai andava sempre a viajar de um lado para o outro, lembro-me que quando era natal recebia 3 presentes no máximo... Depois com os tratamentos o cancro acabou por desaparecer e as coisas ficaram mais ou menos compostas até a minha mãe descobrir que o meu pai tinha outra família...  E como as coisas no trabalho dela lá em Nova York começaram-se a dificultar, viemos para Portugal viver onde era a casa da minha avó e onde a minha mãe tem até hoje um trabalho estável... - Á medida que ia falando, ia fazendo várias pausas. Custava ter que recordar tudo o que já tinha passado, mas era bom saber que mesmo depois de todas as quedas, eu continuava em pé e cada vez mais forte! David entretanto tinha-me acolhido nos seus braços e tinha a minha cabeça no seu ombro enquanto ele me ia fazendo festinhas no cabelo. - E antes que perguntes porque é que chumbei, chumbei porque segui caminhos menos aconselháveis, deves perceber quais pela conversa que o Diogo teve ontem... E pronto, estive no hospital porque os médicos pensavam que o cancro tinha voltado, mas felizmente não voltou e eu posso continuar a viver a minha vidinha como todos os jovens da minha idade... 


Ficamos algum tempo em silêncio e agradeci a David por isso... Estava perdida nos meus pensamentos quando o meu telemóvel dá sinal de vida, tirei-o da mala e vi que era a minha mãe.

« - Olá mãe
- Olá filha, como têm corrido as coisas por ai? 
- Bem mãe e por ai? 
- Certeza? Que vozinha é essa? Por aqui tem estado tudo bem, com muito trabalho...
- É a minha, estou cansada só! Dês que haja trabalho isso é bom
- Claro filha, mas olha a mãe agora tem que desligar que ainda tem trabalho pela frente
- Está bem mãe, eu depois ligo-te! Beijos
- Beijo filha"

- Era a minha mãe... Mas olha, fala-me também sobre ti, não posso ser só eu a contar a minha vida não é! - Sorri

-  Então saí de casa dos meus pais, em Diadema, São Paulo com 14 anos para seguir o sonho de ser futebolista. Sempre me fascinou muito o futebol! Fui jogar para um time longe de casa, em Salvador, na Baia. Passei por imensas dificuldades uma delas era que muitas vezes não comia porque não tinha dinheiro para o fazer.... Nunca disse nada aos meus pais porque sabia que eles iam ficar preocupados e me iam mandar logo para casa e eu não queria isso... Depois em 2007 quando tinha 19 anos, o meu empresário recebeu uma chamada do Benfica e fui emprestado, depois continuei aqui...


- Ena, não sabia que tinhas passado tanto até chegares onde estás... Mas e tens mais alguma coisa que queres fazer, sem ser pelo Benfica claro... 


- Primeiro quero ser campeão pelo Benfica, sempre foi o que quis dês que cá cheguei... 


- Mas isso é algo que todos os Benfiquistas querem - Rimos os dois

- Depois quero também ser chamado para a seleção Brasileira, seria um grande orgulho jogar com a camisola do meu País! 


- E sem ser relacionado com o futebol, quer dizer, quando a tua carreira acabar... 


- Quero ajudar jovens jogadores que têm que sair de casa muito cedo como eu... Fazer uma escola para eles conseguirem seguir os seus sonhos... Mas isso com a ajuda dos meus pais que são professores e irão dar aulas lá! 


- Então já vi que tens a tua vidinha toda construída... Mas sabes, é um gesto muito bonito da tua parte quereres ajudar as crianças! 


- É uma maneira de impedir que eles passem o que eu passei e eu também gosto muito de crianças sabe? Quando encontrar a mulher perfeita quero ter pelo menos umas cinco! 


- Coitada da tua mulher! - Rimos

- E você? Não tem o sono de ser mãe e encontrar o homem perfeito e casar... 'Cê sabe, essas coisas todas de mininas


- Para te ser sincera? Não... Como já viste, quando eu era criança o meu único sonho era ter uma família perfeita e não ter cancro... E depois quando fui crescendo nunca dei muita importância a essas coisas, até porque só tive um único namorado... E olhando bem para trás, o que eu pensava que era amor era apenas medo que ele me deixasse... 


- Então, 'cê está a dizer que só teve um namorado? Na sua vida toda? Nem aquelas chamadas "curtes"? 


- Não porque tenho respeito por mim própria e não preciso de andar aí a comer tudo e todos que me aparecem á frente para me sentir bem comigo própria... 


- 'Cê existe mesmo? 


- Como assim? - Não tinha percebido aquela pergunta de David


- Você, não sei... 'Cê parece ser diferente de todas as outras moçinhas da sua idade e mesmo das da minha... Parece ter as ideias no sítio e não andar aí com a cabeça no ar! 


- David, não sou assim tão perfeita como tás a para ai a imaginar... Já cometi imensos erros, uns mais graves que os outros, alguns mesmo imperdoáveis... O meu passado não é feliz e já não falo das doenças! 


- Isso não interessa, o que é passado deve permanecer no passado... Erros todos nós cometemos! Ninguém é perfeito e você não foi excepção... Mas se você se arrependeu e não volta a cometer os mesmo erros não tem que se continuar a julgar com isso


- Talvez tenhas razão... Mas á coisas que não se esquecem nem que se podem apagar com uma borracha quando fazemos um risco torto com o lápis... 


- Mas não se esqueça que até a caneta tem o corretor para apagar! 


E quando dei por mim, estávamos ali os dois a falar com eufemismos sobre filosofias da vida... Continuamos os dois na conversa até que olhei para o meu relógio de pulso que me acompanhava sempre e já vi que era tarde...

1 comentário:

  1. Devias ter mais cuidado com os erros ortográficos. A palavra "dês" não existe pelo menos não no sentido em que a usas, escreve-se "desde". Também no capitulo da apresentação eles têm idades que não correspondem ao ano de nascimento. Não leves a mal o meu conselho mas achei importante alertar pois é com os erros que se aprende.
    Quanto à fic estou a gostar muito. Comecei a ler há pouco e nunca mais parei!
    Parabéns continua Beijinhos :)

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